7 de jun. de 2016

Perdendo um tempo precioso


Relaxe seus olhos... Passe os pensamentos pelo seu corpo, parte por parte... Encontrando pontos de tensão, solte tudo e relaxe. E, então, passe a observar a sua respiração calma e tranquila, com a mente atenta e alerta – momento a momento...

Procure, então, trazer sua consciência para o momento presente...
A Plena Atenção não pode ser uma coisa fragmentada. Deve ser um esforço contínuo. A cada momento temos de estar alerta, atentos, em estado meditativo, mas a mente está sempre fazendo truques.
Você medita de manhã, e depois deixa isso de lado; ou você reza no templo ou em casa, e depois esquece esse assunto. E então, volta ao mundo completamente inconsciente, não meditativo, como se andasse num sono hipnótico.
Como você pode meditar ou rezar por alguns minutos se não meditou ou rezou por vinte e três horas do dia? É impossível! Você está apenas enganando a si mesmo.
A consciência é um continuum. É como um rio que flui sem parar.
Se você meditar o dia todo, ou seja, se você estiver plenamente consciente a cada momento do dia, e só quando você estiver alerta o dia todo é que o florescimento virá até você. Nada virá antes.

Toda a nossa vida é uma perda de tempo. E você age desse jeito porque não está consciente de como você perde tempo, de como desperdiça energia. Você não está consciente de como a vida é desperdiçada. A vida vai se exaurindo, vai sendo drenada. Tudo é esvaziado.

Só quando a morte chega para você, é que, às vezes, você se torna consciente, alerta. E se pergunta: “O que estive fazendo? O que fiz com a vida?” Uma grande oportunidade foi perdida. O que estou fazendo andando por aí, perdendo tempo? Não fiquei atento. Nunca refleti sobre o que estava fazendo.

A vida não é apenas para se passar por ela – é para se chegar a um ponto profundo dentro de você. A vida não está na superfície – não é a circunferência – é o centro. E você ainda não atingiu o centro. Então, fique atento! Muito tempo já foi perdido. Fique alerta e veja o que está fazendo.
E o que você está fazendo? Buscando dinheiro? Acumulando mais e mais? No final, isso é inútil. É novamente um jogo, o jogo do dinheiro. Você tem mais do que os outros e se sente bem; os outros têm mais do que você, e você se sente mal. É apenas um jogo.
Mas qual é o significado disso? O que você ganha com isso? Mesmo que você tenha todo o dinheiro do mundo, no momento da morte você morrerá como um mendigo. Portanto, toda a riqueza do mundo não pode torná-lo rico. Jogos não podem torná-lo rico. Fique atento!

Uns estão atrás de poder, de prestígio, outros, atrás de sexo, e outros atrás de outras coisas. Tudo é um jogo.
A menos que você toque o centro do seu ser, tudo é um jogo. Na superfície, só existem jogos, e só existem ondas, e nessas ondas, você sofrerá e será arrastado. Não poderá ancorar-se em si mesmo.
Então fique atento! Não faça jogos. Você já jogou o suficiente. Não seja estúpido. Use a vida para ancorar, para ganhar raízes. Use a vida como uma oportunidade para alcançar o Divino.
Você está sentado do lado de fora do templo, nos degraus, fazendo jogos, e o Supremo está esperando bem atrás de você. Bata na porta e ela se abrirá pra você. Mas não lhe sobra tempo, por causa de todos esses jogos.

Ficar atento e sóbrio significa lembrar-se do que você está fazendo e por que está fazendo. Mesmo quando você ganha, aonde você chega? Esse é o paradoxo – sempre que um homem tem sucesso nesses jogos estúpidos, pela primeira vez, ele se torna consciente de que a coisa toda tem sido absurda – ficam conscientes de que nada foi alcançado. Só os que nunca têm sucesso é que continuam jogando.

Conta-se que Alexandre, o Grande, antes de morrer, disse à corte: Quando carregarem meu corpo pelas ruas, deixem que minhas mãos fiquem do lado de fora. Não as cubram. Isso era estranho. Ninguém era carregado dessa maneira. Mas Alexandre disse: Quero que todos saibam que estou morrendo com as mãos vazias. Todos devem ver isso. Ganhei muito, mas mesmo assim, não ganhei nada; meu reino é imenso, mas ainda sou pobre.

Perceba... Você morre mendigo, mesmo que seja um imperador. Então tudo parece um sonho. Do mesmo jeito que de manhã os sonhos se desfazem, e todos os impérios e reinos desaparecem, assim é a morte, como o despertar.
Aquilo que permanece na morte é real; aquilo que desaparece não passa de sonho. Esse é o critério.
Vivemos de um jeito, como se não fôssemos morrer nunca. Sua mente diz: A morte é um fenômeno que sempre acontece aos outros, nunca a mim.

Não seja mais estúpido. Fique atento! Sempre que você começar a jogar novamente, com sua mulher, na loja, no mercado, na política, feche seus olhos, chame a si mesmo e diga: Fique atento!

Convivendo com os outros


Relaxe seus olhos, solte seu corpo e, por um momento olhe dentro... Olhe sua criança interior... esquecida, abandonada, sufocada por tantas metas, tantas obrigações, tantas coisas pra fazer no mundo adulto. Você esqueceu sua criança interior? Consegue encontra-la em seu espaço interior?
O conflito aqui é... Dar alento a sua criança interior ou o desejo emocional de reter, poupar, economizar. Usar o dinheiro para o essencial ou dar alegria a criança interior que quer se divertir? Apenas você poderá encontrar uma solução para este conflito, mas tenha em mente que é possível uma resolução equilibrada. Vale apenas ter auto observação.

Perceba...
Todos nascem livres. O começo da vida é totalmente natural, mas então entra a sociedade e as regras, os regulamentos, a moralidade, a disciplina e muitos tipos de treinamento, e o desprendimento e a naturalidade e o ser espontâneo se perdem.
A pessoa começa a proteger-se com um tipo de armadura. Ela começa a se tornar cada vez mais rígida. A suavidade interna não está mais visível.
Na fronteira do ser a pessoa cria um fenômeno parecido com um forte, para defender-se, e não tornar-se vulnerável, para reagir, para criar proteção e segurança.
A liberdade de existir é perdida. A pessoa começa a olhar nos olhos dos outros.
A aprovação, a negação, a condenação ou a apreciação deles tornam-se cada vez mais valiosas. Os outros passam a ser o critério e a pessoa começa a imitar e a seguir os demais.
Uma pessoa tem de conviver com outras – e uma criança é muito flexível, pode ser moldada de qualquer modo; a sociedade começa moldando-a – os pais, os professores, a escola – e logo ela se torna uma personalidade em vez de um ser. Ela aprende todas as regras. Torna-se conformista ou rebelde; ambos um tipo de servidão, porque a reação depende da mesma coisa contra a qual reage.

Uma pessoa centrada é desprendida e natural; não é nem a favor nem contra algo, é apenas ela mesma - é sempre livre em seu próprio ser, não é moldada por hábitos e condicionamentos. Ela é o mais elevado florescimento da civilização e da cultura. É verdadeira não por existir uma regra para ser verdadeira. Porém, sendo desprendida e natural, é simplesmente verdadeira. Ela tem compaixão, não por seguir um preceito de ser compassiva. Sendo desprendida e natural, apenas sente a compaixão fluindo ao redor. Ela não é contra a sociedade, nem a favor – simplesmente está além dela. Tornou-se de novo uma criança, uma criança de um mundo totalmente desconhecido, uma criança de uma nova dimensão – ela renasce.

É claro que a sociedade tem de atuar, porque, se a criança é deixada por sua própria conta, nunca crescerá e se tornará semelhante a um animal. A sociedade tem de atuar, a sociedade tem de ser experimentada – isso é necessário. A única coisa a lembrar é que ela constitui uma passagem a ser percorrida. A sociedade tem de ser seguida e depois transcendida. As regras devem ser aprendidas e depois desaprendidas.

As regras entrarão em sua vida porque existem outras pessoas. Você não está sozinho. As regras são estabelecidas com os relacionamentos.
Não há nada errado nisso. Isso tem de ser feito, porém de tal modo que a criança nunca perca sua percepção nem se identifique com o padrão refinado, mas permaneça livre na profundidade de seu ser, saiba que as regras devem ser obedecidas, mas que não são para toda a vida e saiba também que ela tem de ser ensinada.
E isso é o que uma boa sociedade ensinará: “Essas regras são boas porque você tem de conviver com as demais pessoas, porém não são absolutas. Não se espera que você permaneça limitado por elas – um dia você deve transcendê-las”.

Você tem de ouvir os outros até certo ponto e então deve começar a ouvir a si mesmo. No final, deve retornar ao estado original. Antes de morrer precisa tornar-se novamente uma criança inocente – desprendida e natural, porque na morte você entra novamente na dimensão de estar só.

Da mesma forma que você estava em seu útero... Você precisa encontrar alguns espaços, quando você simplesmente fecha seus olhos e vai além da sociedade, volta-se para si mesmo, em seu próprio útero - esse é o significado da meditação. A sociedade está presente; você apenas fecha seus olhos, esquece a sociedade e torna-se sozinho.

Ali não há regras, nenhuma personalidade é necessária, nenhuma moralidade, nenhuma palavra, nenhuma linguagem. Você pode ser desprendido e natural em seu interior.

Amplie essa condição de desprendimento e naturalidade. Mesmo que haja necessidade de disciplina exterior, você pode permanecer indomado em seu interior. Se uma pessoa pode permanecer livre em seu interior e ainda praticar o que é necessário na sociedade, então logo ela pode chegar ao ponto da transcendência.