17 de abr. de 2016

Todas as flechas convergem para Isto


Relaxe seu corpo... Repouse seus olhos... Busque um espaço de silêncio em seu interior... Um momento de profunda quietude...

O Mestre Zen Basho disse:
Sentado silenciosamente, sem fazer nada, a primavera chega, e a grama cresce por si mesma.

Perceba... Tudo está acontecendo por si mesmo. É apenas a insanidade do homem que o deixa envolvido e preocupado, deixa-o quase louco, correndo atrás do poder, de posição, de dominação. Mas mesmo o homem mais rico do mundo ainda é muito pobre, pois o homem mais rico do mundo ainda está faminto – ainda está procurando, ainda está agitado...

Antes de entrar nesses diálogos, gostaria de contar uma pequena história.
Um mendigo bate a porta de um imperador. É de manhã bem cedo, ainda até um pouco escuro. O imperador estava saindo para uma caminhada matinal, no seu lindo jardim.

O imperador perguntou: “O que você quer?”
O mendigo respondeu: “Antes de perguntar isto, pense duas vezes”!

O imperador tinha combatido em guerras, conquistado vitórias, tinha deixado claro que ninguém era mais poderoso do que ele. Mas, subitamente, o mendigo lhe diz: “Pense duas vezes no que está fazendo, porque você não pode ser capaz de cumpri-lo”!

O rei disse: “Não fique preocupado, isto é comigo. Você pede e lhe será dado”!
O mendigo riu... O imperador não podia compreender a risada.
O mendigo disse, então: “Vê a minha cuia de mendigar? Quero que ela seja preenchida! Não importa com o quê; a única condição é que ela deve estar enchida, deve ficar cheia. Você ainda pode dizer não, mas, se disser sim, então você estará correndo um risco”.
A vez do imperador rir tinha chegado, porque... Uma cuia de mendigo!... E ainda receber uma condição!
Ele mandou o seu primeiro ministro encher a cuia do mendigo com diamantes, a fim de que esse mendigo pudesse saber a quem ele estava pedindo.
O mendigo disse novamente: “Pense duas vezes”.
E logo ficou claro que o mendigo estava certo, porque, no momento em que os diamantes eram despejados na sua cuia, simplesmente desapareciam. Mais diamantes, esmeraldas, rubis – o rei tinha imensos tesouros -, mas, dentro de horas, tudo tinha sumido e a cuia do mendigo ainda estava vazia.

O caso se espalhou como fogo na capital; milhares de pessoas se aproximaram para ver esse incidente miraculoso. Quando as pedras preciosas acabaram, o rei disse: “Tragam todo o ouro e a prata, tudo! Todo o meu reino está em jogo, toda a minha integridade está sendo desafiada”!
Mas, pela noite, tudo tinha desaparecido na cuia do mendigo e sobraram apenas dois mendigos – um deles era o imperador.

O imperador disse: “Antes de eu tocar os seus pés e pedir-lhe desculpas por não ter ouvido sua advertência para pensar duas vezes, por favor, diga-me apenas o segredo dessa cuia de mendigar”.
O mendigo respondeu: “Não há nenhum segredo. Encontrei essa cuia num cemitério; é um crânio humano. Eu o poli, fiz com que se parecesse como uma cuia. Sou um homem muito pobre, não posso nem comprar uma cuia... Mas, por ser um crânio humano, você vai despejando qualquer coisa dentro dele e ela desaparece”.

A história é muito significativa. Você alguma vez já pensou na sua cuia de mendigar? Tudo desaparece: poder, prestígio, respeitabilidade, riquezas, tudo desaparece e sua cuia de mendigar continua abrindo a boca cada vez mais. E, devido a esse contínuo esforço por mais, você continua perdendo Isto – o momento presente. O desejo, o anseio por algo mais, o afasta deste momento.
E só existem duas espécies de pessoas no mundo. A maioria das pessoas está correndo atrás de sombras – elas jamais serão satisfeitas. Suas cuias de mendigar permanecerão com elas até entrarem nos túmulos.
E uma minoria muito pequena, um em um milhão, para de correr, simplesmente permanece de pé aqui e agora, abandona todos os desejos, não pede nada e, subitamente, encontra tudo dentro de si mesmo. Isto é a porta do reino de Deus.

Isto não é uma palavra, mas um momento existencial. Você não encontrará no dicionário, e sim na existência.
Não existem detalhes. É o mais simples espaço silencioso, nada pode ser dito sobre ele.
E como Isto não é uma palavra, não pode ter nenhum significado. Você pode viver esse momento, mas não pode significar nada com ele.
É simplesmente uma rosa, despercebida, desvalorizada, desconhecida, abrindo suas pétalas e espalhando sua fragrância aos ventos, sem nenhuma outra razão além de ser esta a sua natureza.

E se você puder compreender Isto, nada mais é necessário, você chegou em casa. Você esteve desviado por muito tempo, você perambulou através de muitas vidas em muitas formas, por muitos caminhos. Isto (este momento) o traz subitamente de volta ao seu Si mesmo essencial. E não há nenhuma distinção entre o individual e o essencial. Uma vez que a gota do orvalho cai no oceano, todas as distinções desaparecem – a gota de orvalho torna-se o oceano.
Isto, este momento... Apenas um puro silêncio, um espaço sem nuvens... Isto é a única poesia, a única canção, a única dança, a única resposta, aqui, agora, na sua própria respiração, na sua própria pulsação.


A todo momento, não importa onde você esteja, estou pedindo repetidamente, insistindo para que você volte pra casa... Apenas seja e pare de correr atrás de sombras.

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