5 de jan. de 2016

A vida é sempre incerta


Relaxe seus olhos... Procure soltar bem o seu corpo – dos pés para a cabeça e da cabeça aos pés. A partir desse momento, passe a observar a sua respiração... E observando a respiração, momento a momento, a mente se aquieta. Nesse estado, procure não reter nada, nenhum pensamento, nenhuma emoção, nenhuma palavra... Lentamente vai saindo do controle e deixe ir... Se entregue a essa compreensão...
A vida é sempre incerta. Tudo que está morto é certo, mas a vida é sempre incerta. Tudo que está morto é sólido, fixo, sua natureza não pode ser mudada. Tudo que está vivo muda e se movimenta, é fluido, flexível, capaz de se mover em qualquer direção.
Quanto mais você se torna seguro, mais está perdendo a vida.
Então, aja espontaneamente - sem padrões pré-estabelecidos, sem rigidez, sem memória. E se houver desconforto no início, deixe que ele exista. Não o esconda, não o reprima. E não imite.

Seja como uma criança, mas não seja infantil. Ser criança é ser espontâneo. Uma criança é algo novo, fresco, sem respostas, sem experiência acumulada – ela não tem memória. Ela age. Qualquer coisa que passe em seu ser faz com que ela aja. A criança não é motivada, não pensa nos resultados, não pensa no futuro. Ela é inocente. Inocência é meditação.
Comece a ser meditativo em seus atos, mesmo nos menores. Enquanto comer, seja espontâneo. Enquanto falar, seja espontâneo. Enquanto andar, seja espontâneo.
Permita que a vida responda. Se alguém lhe perguntar algo, observe se a mente está repetindo a mesma coisa, dando as mesmas respostas - como um hábito. Observe apenas se a resposta está vindo da memória ou se está vindo de você.
Todo mundo aborrece todo mundo porque tudo é morto, emprestado, gasto, e cheira a morte. Nada é fresco. Você só imita, copia o tempo todo.
Mas observe crianças brincando e você sentirá um frescor. Por um momento você pode até esquecer de que está ficando velho – ouça os pássaros, olhe as árvores e as flores e por um momento esqueça. Aqui, nesse momento, não há mente. As flores desabrocham, os pássaros estão cantando; a própria vida está aí e não existem teorias.

No início será desconfortável. Tenha paciência. Atravesse esse desconforto. Logo você sentirá uma onda de energia.
As pessoas evitam a espontaneidade porque ser espontâneo é perigoso – pois quando vem a raiva, ela vem mesmo, não há controle. A mente sempre diz: pense. Não fique com raiva, pode sair caro. Portanto, você sempre pensa e joga sua raiva nos mais fracos que você. Não nos mais fortes.

E o amor... O amor pode acontecer, mas não é permitido.
Você só pode ter uma atitude amorosa para com sua esposa ou marido, mas a vida não sabe quem é sua esposa e quem não é. A vida é absolutamente amoral. Não conhece moralidade. Você pode se apaixonar pela esposa ou marido de alguém, pois a vida não conhece relacionamentos, nem instituições fixas.
Todas as instituições são feitas pelo homem e isso é perigoso. Por isso a mente diz: pense antes. Ela não é sua esposa, ele não é seu marido. Não olhe dessa maneira amorosa. Não sorria. Se você sente vontade ou não, não é esse o problema. É um dever. É assim que matamos a todos. Todos vivem numa instituição, não na vida.
Por causa desses perigos, a mente pensa de antemão no que dizer.

Ouvi contar...
Um homem telefonou para a mulher e disse: Um amigo meu chegou e vou leva-lo para jantar em casa. A mulher gritou: Você está louco¿ Você sabe muito bem que a cozinheira foi embora, os dentes do bebê estão nascendo, e eu fiquei três dias com febre!
O homem replicou com muita calma: Sei muito bem... É por isso que estou querendo leva-lo aí em casa. O tolo está pensando em casar.

Perceba... A vida toda se tornou uma instituição, um manicômio, onde os deveres têm de ser cumpridos, não o amor; onde você tem de se comportar, não ser espontâneo; onde um padrão tem de ser seguido, não a exuberância da vida. Por isso a mente pensa e decide tudo, pois há perigo.
A mente criou a sociedade e a sociedade criou a mente. Elas são interdependentes.
Precisamos renunciar a tudo que é falso, renunciar a tudo que não é autêntico, renunciar a todas as respostas, mas ser sensível, espontaneamente sensível. Não pensar nas razões, mas ser real. Isso é difícil. Há muito investimento na falsidade, nas máscaras, nas caras, nos jogos.
Ser desperto, ser consciente, significa que agora você vai tentar ser autêntico. Quaisquer que sejam as consequências, você as aceitará e viverá no presente; Você sacrificará o futuro pelo presente; nunca sacrificará o presente pelo futuro. Esse momento será a totalidade do seu ser...

Você nunca mais agirá premeditadamente.

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