Relaxe seus olhos... Procure soltar
bem o seu corpo – dos pés para a cabeça e da cabeça aos pés. A partir desse momento,
passe a observar a sua respiração... E observando a respiração, momento a
momento, a mente se aquieta. Nesse estado, procure não reter nada, nenhum
pensamento, nenhuma emoção, nenhuma palavra... Lentamente vai saindo do
controle e deixe ir... Se entregue a essa compreensão...
A vida é sempre incerta. Tudo que está
morto é certo, mas a vida é sempre incerta. Tudo que está morto é sólido, fixo,
sua natureza não pode ser mudada. Tudo que está vivo muda e se movimenta, é
fluido, flexível, capaz de se mover em qualquer direção.
Quanto mais você se torna seguro, mais
está perdendo a vida.
Então, aja espontaneamente - sem
padrões pré-estabelecidos, sem rigidez, sem memória. E se houver desconforto no
início, deixe que ele exista. Não o esconda, não o reprima. E não imite.
Seja como uma criança, mas não seja
infantil. Ser criança é ser espontâneo. Uma criança é algo novo, fresco, sem
respostas, sem experiência acumulada – ela não tem memória. Ela age. Qualquer
coisa que passe em seu ser faz com que ela aja. A criança não é motivada, não
pensa nos resultados, não pensa no futuro. Ela é inocente. Inocência é
meditação.
Comece a ser meditativo em seus atos,
mesmo nos menores. Enquanto comer, seja espontâneo. Enquanto falar, seja
espontâneo. Enquanto andar, seja espontâneo.
Permita que a vida responda. Se alguém
lhe perguntar algo, observe se a mente está repetindo a mesma coisa, dando as
mesmas respostas - como um hábito. Observe apenas se a resposta está vindo da
memória ou se está vindo de você.
Todo mundo aborrece todo mundo porque
tudo é morto, emprestado, gasto, e cheira a morte. Nada é fresco. Você só
imita, copia o tempo todo.
Mas observe crianças brincando e você
sentirá um frescor. Por um momento você pode até esquecer de que está ficando
velho – ouça os pássaros, olhe as árvores e as flores e por um momento esqueça.
Aqui, nesse momento, não há mente. As flores desabrocham, os pássaros estão
cantando; a própria vida está aí e não existem teorias.
No início será desconfortável. Tenha
paciência. Atravesse esse desconforto. Logo você sentirá uma onda de energia.
As pessoas evitam a espontaneidade
porque ser espontâneo é perigoso – pois quando vem a raiva, ela vem mesmo, não
há controle. A mente sempre diz: pense. Não fique com raiva, pode sair caro. Portanto,
você sempre pensa e joga sua raiva nos mais fracos que você. Não nos mais
fortes.
E o amor... O amor pode acontecer, mas
não é permitido.
Você só pode ter uma atitude amorosa
para com sua esposa ou marido, mas a vida não sabe quem é sua esposa e quem não
é. A vida é absolutamente amoral. Não conhece moralidade. Você pode se
apaixonar pela esposa ou marido de alguém, pois a vida não conhece
relacionamentos, nem instituições fixas.
Todas as instituições são feitas pelo
homem e isso é perigoso. Por isso a mente diz: pense antes. Ela não é sua
esposa, ele não é seu marido. Não olhe dessa maneira amorosa. Não sorria. Se
você sente vontade ou não, não é esse o problema. É um dever. É assim que
matamos a todos. Todos vivem numa instituição, não na vida.
Por causa desses perigos, a mente
pensa de antemão no que dizer.
Ouvi
contar...
Um homem telefonou para a mulher e
disse: Um amigo meu chegou e vou leva-lo para jantar em casa. A mulher gritou:
Você está louco¿ Você sabe muito bem que a cozinheira foi embora, os dentes do
bebê estão nascendo, e eu fiquei três dias com febre!
O homem replicou com muita calma: Sei
muito bem... É por isso que estou querendo leva-lo aí em casa. O tolo está
pensando em casar.
Perceba... A vida toda se tornou uma
instituição, um manicômio, onde os deveres têm de ser cumpridos, não o amor;
onde você tem de se comportar, não ser espontâneo; onde um padrão tem de ser
seguido, não a exuberância da vida. Por isso a mente pensa e decide tudo, pois
há perigo.
A mente criou a sociedade e a
sociedade criou a mente. Elas são interdependentes.
Precisamos renunciar a tudo que é
falso, renunciar a tudo que não é autêntico, renunciar a todas as respostas, mas
ser sensível, espontaneamente sensível. Não pensar nas razões, mas ser real. Isso
é difícil. Há muito investimento na falsidade, nas máscaras, nas caras, nos
jogos.
Ser desperto, ser consciente,
significa que agora você vai tentar ser autêntico. Quaisquer que sejam as
consequências, você as aceitará e viverá no presente; Você sacrificará o futuro
pelo presente; nunca sacrificará o presente pelo futuro. Esse momento será a
totalidade do seu ser...
Você nunca mais agirá premeditadamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é importante para mim. Deixe sua mensagem.