12 de jul. de 2013

Uma mão acenando II

Rio Ganges - Índia
Sutra:
Não há nada além de água nos lagos santos

No Oriente, as pessoas acreditam nos lagos santos há séculos – que se for para o Ganges será purificado, e nada mais é necessário. Muito barato, muito fácil de fazer, mas muito enganador; você é enganado pelos sacerdotes.
Kabir diz: Não há nada além de água nos lagos santos. Ele pega o martelo na mão e começa destruindo sua assim chamada religião. Os lagos santos têm sido de imenso valor para os hindus. A água certamente limpa o corpo, mas não pode limpar a alma. Como ela pode limpar sua consciência¿ Você comete uma injustiça, então dá um mergulho no Ganges e acha que o assunto está encerrado.

Ouvi contar:
Em um certo dia auspicioso, um seguidor de Ramakrishna – um dos muitos mestres que a Índia produziu – estava indo para o Ganges, e pediu a permissão de Ramakrishna. Ramakrishna disse: “Bom, você pode ir. O Ganges é bonito, ele purifica. Mas lembre-se de uma coisa, não volte, permaneça para sempre no Ganges, porque, no momento em que sair, o efeito estará perdido. E você viu as árvores grandes no Ganges”?
O devoto disse: “Sim, há árvores grandes no Ganges”.
E Ramakrishna disse: “Você alguma vez ponderou sobre isto, por que as árvores se encontram ali”?
O discípulo replicou: “Não, eu nunca pensei a respeito”.
Ramakrishna então disse: “Quando você dá um mergulho no Ganges e fica debaixo d’água, naturalmente o Ganges é tão puro que seus pecados o abandonam de imediato. Mas eles saltam nas árvores e se sentam ali, e quando você está voltando para casa eles pulam de novo em você”.

Perceba apenas a estupidez da mente humana. Durante milhares de anos, as pessoas têm acreditado que o fato de ir para um lago santo, um rio ou uma lagoa, deixaria tudo bem. E da mesma maneira outros têm acreditado em outras coisas: ir para cidades sagradas, Jerusalém, ou o Muro das Lamentações, ou ir para Caaba – todas elas fazem parte das mesmas atitudes estúpidas.
Perceba... Você quer achar modos baratos para se libertar de tudo aquilo que têm feito, não quer assumir a responsabilidade pelo que praticou. Na verdade, você não quer se transformar, é por isso que descobre esses modos baratos. Você permanece o mesmo.
O homem não mudou por causa dessas coisas. E essas coisas se tornaram um grande consolo. Um assassino vai para o rio, um rio santo, e dá um mergulho no rio e se sente perfeitamente bem. O mesmo é feito pelos cristãos quando vão se confessar. Você vai até o padre e se confessa, e acha que tudo se resolveu só por ter se confessado, e no dia seguinte está pronto para errar de novo. E você sabe que não há muito problema. Pode repetir o erro e ir confessar de novo.
Quando você reflete sobre isso, parece muito estúpido. Mas é como o homem viveu até agora. Em nome da religião, o homem tem apenas adiado a sua transformação. A religião real deveria ser uma força transformadora. Mas a assim chamada religião não tem sido uma força transformadora; pelo contrário, tem sido um obstáculo. Tem sido o maior obstáculo à mudança do homem.
As pessoas muito religiosas se movem em um círculo. Continuam a fazer as mesmas coisas, esperando que tudo dê certo – e permanecem as mesmas. Vão para o templo – entra ano e sai ano. Distraem-se com suas contas, repetem os nomes sagrados e permanecem as mesmas. Nada nunca muda.
E, na verdade, suas crenças são suas maneiras para se proteger da mudança; suas crenças são suas defesas, as crenças são as armaduras ao redor de si mesmas. Elas querem permanecer as mesmas. Também querem ter o prazer de dizer que são religiosas, que são mais santas que outras, que não são pessoas comuns, que são extraordinárias. E essas coisas lhes proporcionam sonhos bonitos a respeito de si mesmas como seres extraordinários, superiores, mais-santo-que-você.

Mas apenas lembre-se: esses são enganos do ego.

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