30 de mai. de 2013

Meios e fins IV

Ramana Maharishi - o sábio de Arunachala (Índia)

Falamos muito em sábios...
Mas o que é um sábio?

Um sábio é um barco vazio – não há palavras dentro dele, um céu vazio, sem nuvens, sem som, sem barulho, sem nenhum louco, sem caos interior, uma harmonia e equilíbrio contínuos. Ele vive como se não existisse. Ele se move, mas nada se move dentro dele. Ele fala, mas o silêncio interior está ali. Ele nunca está perturbado. Ele usa as palavras, mas essas palavras são apenas veículo – através das palavras ele está enviando algo que está além das palavras. E se você quiser se agarrar as palavras, você vai perder seu significado.
Se você não consegue ver a realidade sem palavras, ficará frustrado em todos os seus caminhos da vida, porque você vai tomar a palavra como a coisa real.
Por que isso acontece? Porque você acredita que a palavra é a realidade – a palavra Deus é Deus, a palavra amor é amor – para você a palavra é o real. Mas a palavra não é o real. A palavra só simboliza, indica, mas não é o real. Depois que você entra nessa armadilha, alguém diz “eu te amo” e você sente que essa pessoa ama você porque diz que ama. Então você vai ficar frustrado.
Muitas pessoas dizem: “essa garota me amava, ela mesma disse isso”. “Esse homem me amava e agora o amor desapareceu”. Ambos foram enganados pelas palavras.
Quando alguém diz “eu te amo”, não se deixe envolver pelas palavras, coloque-as de lado. Olhe para a pessoa, na sua totalidade. Então ninguém pode enganá-lo. O amor é um fogo que você será capaz de ver, você será capaz de tocar, você será capaz de saber se ele existe ou não.
O amor não pode ser escondido. Se ele realmente existe, as palavras não são necessárias. Se alguém realmente ama você, não vai dizer “eu te amo”. Não é necessário. O amor é suficiente em si mesmo, não precisa da lábia de um vendedor. Ele não precisa de ninguém para convencer, é um incêndio. E nada é mais ardente do que o amor, ele é uma chama. Quando há uma chama na escuridão, você não precisa dizer nada, ela está lá.
Então, tente separar as palavras da realidade. No dia a dia quando alguém disser “eu te odeio”, não acredite nas palavras. Pode ser apenas uma coisa momentânea. Não vá pelas palavras, caso contrário você vai fazer um inimigo para a vida inteira - olhe para a pessoa, olhe nos olhos e sinta o todo.
As palavras podem fazer apenas uma coisa: se você continua repetindo-as, elas lhe dão a aparência de realidade.
Comece a repetir uma coisa e você vai começar a acreditar. Perceba... Porque você ficou repetindo: “eu estou na miséria, estou sofrendo”, e você repetiu isso tantas vezes, que agora parece mesmo um miserável.
Mas basta olhar para a sua miséria, para o seu sofrimento. Você é realmente miserável? Está sofrendo tanto como mostra o seu rosto¿ Pense melhor. Logo você não vai se sentir tão miserável, porque ninguém pode ser tão miserável quanto parece. É apenas repetição, auto-hipnose.
Noventa por cento de todas as doenças são de natureza psicológica. Elas podem ser curadas com um mantra, podem ser curadas por sugestão, porque você já fez o milagre de criá-las. Agora qualquer um pode curá-las.
A repetição contínua de uma palavra cria a realidade, mas essa realidade é alucinatória. É ilusão, e você só pode voltar para a realidade se todas as palavras desaparecerem da sua mente. Mesmo uma única palavra pode criar a ilusão.
As palavras são grandes forças. Se ainda houver uma única palavra na sua mente, ela não está vazia. Tudo o que você está vendo, sentindo, é criado através da palavra, e essa palavra vai mudar a realidade.
Você tem que ficar completamente sem palavras, sem pensamentos. Você tem que ser apenas consciência.

Quando você é apenas consciência, o barco fica vazio, a realidade é revelada a você. Isso acontece simplesmente porque você não está repetindo uma coisa, nem está imaginando uma coisa, você não está se auto-hipnotizando. Só então o real aparece - é revelado.

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