16 de jan. de 2013

O homem do Tao I



Relaxe seu corpo; Observe a sua respiração; Agora, observe a sua mente...
A coisa mais difícil, quase impossível, para a mente, é permanecer no meio.
A natureza da mente é passar de um extremo ao outro. Ela depende do desequilíbrio. Se você está equilibrado, a mente desaparece.
É por isso que é fácil para uma pessoa que come demais fazer jejum. Perceba... Não é realmente mudar a si mesmo – antes comia demais, agora está com fome demais, mas a mente continua focada em comida no extremo oposto.
Por que é difícil permanecer no meio? É como um pêndulo de um relógio. O pêndulo vai de um lado para o outro – o relógio todo depende desse movimento. Se o pêndulo permanece no meio o relógio para.
Preste atenção em uma coisa: sempre que você avança, também está avançando para o oposto. O oposto está escondido, não está aparente.
Quando está no meio, você não está ganhando impulso. E essa é a beleza – um homem que não está ganhando impulso para se mover para lugar nenhum pode ficar despreocupado, pode ficar à vontade consigo mesmo.
A lógica é superficial, a vida é mais profunda, e na vida todos os opostos estão unidos, eles existem juntos. Lembre-se disso, porque então a meditação se torna equilíbrio.
A segunda coisa a se entender sobre a mente é que ela sempre anseia pelo que está distante, nunca pelo que está próximo. O que está próximo lhe dá tédio, você fica farto disso; o distante lhe dá sonhos, esperança, a possibilidade de prazer.
Então, a mente sempre pensa no que está distante. É sempre a mulher ou o marido de outra pessoa que é atraente; é sempre a casa de outra pessoa que te atrai; é sempre o carro de outra pessoa que o fascina. É sempre o que está distante.
Então, perceba... O que está muito longe? O que está mais distante? O oposto é o mais distante. Você ama uma pessoa – agora o ódio é o fenômeno mais distante; você come demais – agora as dietas rigorosas é o fenômeno mais distante; você é celibatário – agora o sexo é o fenômeno mais distante; você é um rei – agora ser um monge é o fenômeno mais distante.
O que está mais distante é o que se parece mais com um sonho. Atrai, obceca, chama você, convida você, e então, quando você tiver alcançado o outro polo, esse lugar de onde você veio ficará bonito outra vez.
Para a mente o oposto é magnético e, a menos que você transcenda isso por meio da compreensão, a mente vai continuar se movendo da esquerda para a direita, da direita para a esquerda.
É assim que as coisas são. Na infância, você não vê a hora de crescer rápido, porque as pessoas mais velhas são poderosas. A criança só anseia crescer rapidamente. Mas pergunte ao velho – ele sempre acha que o paraíso estava lá na infância. E todos os velhos morrem pensando na juventude, na inocência, na beleza, na terra dos sonhos.
Tudo o que você tem parece inútil, tudo o que você não tem parece útil. Lembre-se disso, caso contrário a meditação pode não acontecer, porque meditação significa isso – entender a mente, entender o funcionamento da mente, o próprio processo da mente. A mente faz você ir o tempo todo para o oposto. E esse é um processo infinito, que nunca termina, amenos que de repente você caia fora dele, a menos que você de repente se torne consciente do jogo, se torne consciente do truque da mente e pare no meio.
Parar no meio é meditação!
Em terceiro lugar, a mente consiste em polaridades, você nunca está inteiro. A mente não pode ser inteira, ela é sempre metade.
O amor não é total, não é completo; bem atrás dele todas as forças da escuridão estão escondidas e podem entrar em erupção a qualquer momento.
Quando ama alguém, você simplesmente esquece que tem raiva, que tem ódio, que tem ciúme. Você simplesmente os descarta como se nunca tivessem existido. Mas como você pode descarta-los? Você só pode escondê-lo no inconsciente. Você pode se tornar amoroso apenas na superfície; bem no fundo fica escondido o tumulto. E mais cedo ou mais tarde, quando o ser amado se tornar familiar essa escuridão vem à tona; estava apenas esperando o momento certo, a semente estava lá.
A mente sempre tem o oposto dentro dela, e esse oposto vai para o inconsciente e aguarda o seu momento de vir à tona. Se você conseguir entender isso, vai parar no meio.
Quando você está equilibrado, a mente não está presente – então você está inteiro. Assim, a meditação é um estado de “não mente”, de ausência da mente.
Perceba... Como você criou muita tensão em sua vida, agora você está meditando. Mas isso é o oposto da tensão, e não a verdadeira meditação. Você está tão tenso que a meditação se tornou atraente.
Algumas pessoas me procuram e dizem: “Eu meditei por alguns anos, depois ficou chato, não era mais divertido.”
Quando alguém diz que a meditação não é mais divertida, ela está querendo dizer que agora a tensão não está mais presente, então como a meditação pode ser divertida? Ela vai ter que se mover para o outro extremo novamente, terá que se mover para a tensão novamente, então a meditação se tornará novamente atraente.
Olhe que absurdo é a mente: você tem que ir longe para chegar perto, você tem que se tornar tenso para ser meditativo. Mas isso não é meditação; esse é mais um truque da mesma mente.
Quando digo meditação, quero dizer ir além do jogo dos opostos, cair fora do jogo todo, olhar para o absurdo que esse jogo é, e transcende-lo. A própria compreensão torna-se transcendência.
A mente irá força-lo para o oposto – não vá para o oposto. Pare no meio e veja que esse sempre foi o truque da mente. É assim que a mente tem dominado você – por meio do oposto. Você já sentiu isso?
O entendimento dá liberdade. O conhecimento de todo o mecanismo da mente é a transformação. Então, de repente o relógio para, o tempo desaparece – e quando o contador para, não existe mais mente.
Com a parada do tempo, onde está você? O barco está vazio.

Um comentário:

Sua opinião é importante para mim. Deixe sua mensagem.