10 de jan. de 2013

A torrada está queimada II



Existe uma grande necessidade, entre as pessoas, de ser necessário. Lembre-se, você se sente bem sempre que é necessário. Às vezes, mesmo que isso traga infelicidade a você, você adora ser necessário.
Se não há ninguém que precise de você, quem é você? Você cria a necessidade de ser necessário.

A chave para dissipar a confusão
E ficar livre da dor
É viver com o Tao
Na terra do vazio.

Quando você não é nada, ninguém precisa de você e você não precisa de ninguém. Você vive como se não existisse. Se você não é significativo, o ego não pode continuar existindo. É por isso que você vai continuar tentando se tornar significativo, de uma forma ou de outra.
Sempre que você sente que é necessário, você se sente bem. Mas essa é a sua infelicidade e confusão, e essa é a base do seu inferno.
Como você pode ser livre? Olhe para esses dois extremos. Buda chamou sua religião de o caminho do meio. Chamou-o de o caminho do meio porque disse que a mente vive nos extremos. Depois que você passa a ficar no meio, a mente desaparece. No meio não existe mente.
Quando surge um problema, a mente surge. Se não existe nenhum problema, como a mente pode surgir? Quando você está apenas no meio, totalmente equilibrado, não há mente. O equilíbrio significa “não mente”.
Você já viu um equilibrista? Da próxima vez que vir um, observe. Sempre que o equilibrista se inclina para a esquerda, ele imediatamente tem que se mover para a direita para se equilibrar e, sempre que ele sente que está indo muito para a direita, tem que se inclinar para esquerda – você tem que ir para o oposto para criar equilíbrio.
Sempre que a mente está no meio, entre qualquer extremo, ou polaridade, ela desaparece.
Experimente. Andar na corda é um dos métodos mais sutis de meditação. Nada mais é necessário. Você pode observar o equilibrista em si mesmo, o modo como isso acontece.
E, lembre-se, sobre a corda o pensamento para, porque você está em perigo. Você não pode pensar. No momento em que pensar você cairá. O equilibrista não pode pensar. Ele tem que estar atento a cada momento.
Se andar numa corda bamba, você vai sentir duas coisas: o pensamento para, porque existe o perigo e, sempre que você realmente for para o meio, nem para a esquerda, nem para a direita, ficar apenas no ponto médio, um grande silêncio desce sobre você, um silêncio que você nunca conheceu antes. E isso acontece em todos os sentidos.
Toda a vida é uma caminhada na corda bamba...
No meio a porta se abre – a terra do vazio. Quando você não está presente, o mundo inteiro desaparece, porque o mundo paira sobre você. Todo o mundo que você criou em torno de você paira sobre você. Se você não está ali, o mundo todo desaparece.
Não que a existência vá virar inexistência, não é isso. Mas o mundo desaparece e aparece a existência. O mundo é uma criação da mente; a existência é a verdade.
Essa casa vai existir, mas não vai ser sua. A flor vai existir, mas a flor vai passar a não ter nome. Ela não será nem bonita nem feia. Ela vai existir, mas nenhum conceito vai surgir em sua mente. Todo o quadro conceitual desaparece.
A existência, nua, despida, inocente, continua ali, na sua existência pura como um espelho. Todos os conceitos, todas as imaginações, e todos os sonhos desaparecem na terra do vazio.

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