10 de dez. de 2012

Olhe amorosamente para um objeto



Meditação 18
Olhe amorosamente para um objeto

Olhe amorosamente para algum objeto. Não vá para outro objeto. Aqui, no meio do objeto – a bênção.

Olhar amorosamente é a chave. Você alguma vez já olhou amorosamente para um objeto? Você pode dizer que sim, porque você não sabe o que significa olhar amorosamente para um objeto. Você pode ter olhado luxuriosamente para um objeto – isso é outra coisa. Assim, primeiro, tente sentir a diferença.
Um belo rosto, um belo corpo – você olha e sente que está olhando para ele amorosamente. Mas por que você está olhando para ele? Você quer tirar alguma coisa dele? Então, isso é luxúria, não amor. Você quer explorá-lo? Então, isso é luxúria, não amor. Então, na verdade, você está pensando em como usar aquele corpo, como possuí-lo, como fazer daquele corpo um instrumento para a sua felicidade.
Luxúria significa como usar uma coisa para a sua felicidade; amor significa que sua felicidade não interessa, absolutamente. Na verdade, luxúria significa como tirar proveito de alguma coisa e amor significa como dar alguma coisa.
No amor, o outro é importante; na luxúria, você é importante. O amor é uma entrega; a luxúria é uma agressão.
Nesse momento, olhe para dentro e, então, você chegará a compreender que você, em sua vida, não olhou uma vez sequer amorosamente para alguém, ou para algum objeto.
Sempre que você olha com olhos luxuriosos para uma pessoa, a pessoa se torna um objeto, uma coisa – é por isso que os olhos luxuriosos são repulsivos.
Quando você olha para uma mulher, ou para um homem, com olhos luxuriosos, – o outro se sente ferido. O que você está fazendo na verdade? Você está transformando a pessoa, uma pessoa viva, em um instrumento morto. Você está pensando em como “usar” e, assim, a pessoa é morta.
Quando você olha para alguém com amor, o outro é elevado. Ele se torna único. O amor torna qualquer coisa única. É por isso que, sem amor, você nunca sente que você tem alguma singularidade. Você é apenas um na multidão. Você pode ser trocado.

Olhe amorosamente para algum objeto...

Assim, quando você olha amorosamente, a primeira coisa é esquecer de si mesmo. Esqueça de si mesmo completamente!
Olhe para uma flor e esqueça de si mesmo completamente. Deixe a flor existir; você se torna completamente ausente. Sinta a flor e um profundo amor fluirá de sua consciência em direção à flor. E deixe a sua consciência ser preenchida somente com um pensamento – como você pode ajudar essa flor a florir mais, tornar-se mais bela, tornar-se mais feliz. O que você pode fazer?
E não é importante se você pode fazer, ou não; isso é irrelevante. A sensação daquilo que você pode fazer – esse esforço, essa profunda aflição em relação ao que você pode fazer para tornar essa flor mais bela, mais viva, mais florida – é importante.

Não vá para outro objeto...

Você não pode ir. Se você está em um relacionamento amoroso, você não pode ir. Se você realmente ama alguém, então você se esquece da multidão; somente um rosto permanece.
Assim, permaneça com um. Permaneça com a rosa ou permaneça com o rosto amado. Permaneça ali, amando, fluindo, com um único coração, com a sensação de: “O que eu posso fazer para tornar a pessoa amada mais feliz, bem-aventurada”?

Aqui, no meio do objeto – a bênção.

E quando esse é o caso, você está ausente, não interessado em si mesmo absolutamente, não egoísta, não pensando em termos de seu prazer, de sua gratificação. Você esqueceu de si mesmo completamente e está apenas pensando em termos do outro.
O outro se tornou o centro do seu amor; sua consciência está fluindo em direção ao outro. Nesse estado, de repente, a bênção chega a você. De repente, você se torna centrado.
Consta que Buda dizia continuamente que, sempre que você rezar, reze para os outros – nunca para si mesmo. Do contrário a reza é simplesmente inútil.
Por quê? Porque quando você não está interessado em si mesmo, você se torna vazio; o espaço interno é criado. Quando sua mente está totalmente interessada no outro, você se torna sem mente dentro de você.
O próprio amor é o maior método, mas o amor é difícil – de certa forma, impossível. O amor significa colocar-se fora de sua consciência e, no mesmo lugar, onde seu ego esteve existindo, colocar outra pessoa. Substituir-se por outra pessoa significa amor – como se agora, você não existisse mais e somente o outro existisse.
Assim, todo marido e toda esposa – perceba -, está criando o inferno um para o outro, porque cada um está tentando possuir o outro. A posse é possível apenas com coisas, nunca com pessoas. Você não pode ser possuído por uma pessoa; você nunca pode possuir uma pessoa. Uma coisa pode ser possuída, mas você tenta possuir pessoas. Através desse esforço, as pessoas se tornam coisas. E, se eu o tornar uma coisa, você reagirá. Então, você tentará me tornar uma coisa – isso cria o inferno.
Quando dois amantes estão presentes, pouco a pouco, ambos se tornam ausentes. Uma existência pura permanece – sem nenhum ego, sem nenhum conflito... Apenas uma comunhão.
Quando o amante é possuído, o amor se vai. Então o amante é apenas uma coisa. Você pode usá-lo, mas a bênção nunca mais virá

Se você sabe que não está presente e, com um profundo amor, sua consciência se moveu para o outro – para as árvores, para o céu, para as estrelas, para qualquer pessoa; quando sua consciência total está dirigida ao outro, ela o deixa, ela se move para longe de você -, nessa ausência do eu, está a bênção.

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