30 de mai. de 2012

A mente é um fenômeno social



Observe a sua mente... Ela só pode existir em sociedade - pois necessita da presença de outras pessoas.
Você não pode sentir raiva quando está sozinho, não pode ficar triste quando está sozinho e também não pode se tornar violento, pois é necessário que haja mais alguém por perto.
Sem alguém por perto você não pode falar, não pode continuar tagarelando. Não pode usar a mente – e quando a mente não pode funcionar, ela se torna ansiosa e preocupada. Ela precisa funcionar, precisa de alguém com quem se comunicar.
Nos velhos tempos as pessoas eram mais pacientes, podiam esperar. Hoje você não sabe mais ser paciente, e aí está o problema.
No pensamento cristão, acredita-se que haja apenas uma vida. É a primeira e última. Se você morrer, não terá mais tempo, então todo o tempo que você tem são setenta ou oitenta anos, talvez.
Por isso há tanta pressa no Ocidente. Todos correm porque a vida está se esvaindo. A cada momento seu tempo de vida restante diminui. Tantos desejos para realizar e tão pouco tempo para realizá-los, isso obviamente gera ansiedade.
No Oriente, por outro lado, sempre se acreditou que a vida seja eterna. Assim sendo, o tempo não importa, não há pressa, pois você passará por aqui muitas vezes.
Nesta cadeia eterna, de milhões de vidas, há sempre tempo suficiente. A paciência, então, torna-se possível. Mas no Ocidente, como há apenas uma vida, a cada momento um pouco dessa vida vai se transformando em morte.
Perceba... Há uma perda constante, nada é realizado, nenhum desejo é satisfeito, tudo está incompleto... Como você pode ser paciente? Como esperar? Tornou-se impossível esperar.
Com essa idéia de uma única vida, o pensamento cristão criou uma forte ansiedade dentro da mente. E agora esse pensamento tornou-se uma influência global.
Por isso, quando você fica em silêncio, sozinho, fica preocupado. Uma coisa é certa pra você: o tempo está sendo desperdiçado. Você não está fazendo nada, está apenas sentado; Por que você está desperdiçando a sua vida? E esse tempo não pode ser recuperado, pois no Ocidente se ensina que “tempo é dinheiro”.
E o que você está fazendo? Surge um segundo problema, porque no Ocidente ser não é muito valioso, mas fazer é valioso. Pergunta-se sempre: “O que você tem feito”? Pois o tempo serve para fazer algo.
Como se ser, e apenas ser, fosse um desperdício! Você precisa fazer algo para provar que usou seu tempo. A diferença na forma de pensar está aí.
Na antiguidade, sobretudo no Oriente, ser era o bastante. Não havia necessidade de provar nada. Caso você fosse uma pessoa silenciosa, cheia de paz, de contentamento, estava tudo bem.
No Oriente sempre se pensou que aqueles que deixaram de lado todo o trabalho, eram melhores do que aqueles que estavam ocupados trabalhando.
Isso jamais ocorreria no Ocidente. Se você não estiver trabalhando, é um vagabundo, um mendigo.
No Oriente sempre foi totalmente diferente. O ser era respeitado. Não se perguntava o que a pessoa fazia, mas sim quem a pessoa era. E isso bastava.
No Oriente pensava-se que vivenciar seu próprio ser era a mais alta forma de criatividade, e a presença de um homem assim era valorizada. Ele poderia ficar anos em silêncio.
Mahavira passou 12 anos em silêncio. E quando começou a falar, alguém perguntou a ele: “Por que você nunca falou nada antes?”
Ele respondeu: “A fala se torna valiosa apenas quando você atingiu o silêncio. Do contrário é fútil. Não apenas fútil, mas perigosa, pois você acaba jogando lixo na cabeça dos outros.
Então perceba... Não há segredo algum. É um longo esforço, que requer muita paciência. E quanto mais pressa você tiver, mais tempo levará.
Lembre-se disso: se você não tiver com pressa, pode acontecer agora. Quando você não está com pressa, o silêncio está lá.
Então, siga devagar, com paciência. Não tenha pressa, pois o objetivo não está em algum outro lugar, mas sim dentro de você.
E quando você não estiver com pressa, quando não estiver indo para lugar algum, irá sentir o silêncio.
E, aos poucos, a mente se cansa de você, se cansa de não ser ouvida e pára de perguntar.
Quando isso acontece, aos poucos você descobre uma nova força de vida dentro de si.
Em algum momento, um dia você tomará consciência de seu ser. Quando não há tarefas a executar, coisas a fazer, você pode perceber o ser, tornar-se consciente dele.
Se há coisas demais sendo feitas, você apenas segue em frente, esquecendo completamente do ser que está escondido por trás.

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