3 de mar. de 2012

Além de qualquer experiência II

Como ser total?

A pessoa pode ser total somente quando ela não existe. Somente o vazio pode ser total.
Se você é, você não pode ser total. Sua própria presença será uma perturbação em sua totalidade, continuará a interferir em sua totalidade.
É por isso que Buda diz: “Torne-se um nada”. Simplesmente olhe fundo em você mesmo e deixe que a nuvem do ego se disperse. Deixe que ali haja um céu vazio... E neste céu vazio não há divisão.
As nuvens dividem, e quando não há nuvens, o céu é indiviso, uno.
Pensamentos dividem, e quando não há pensamentos em você, há totalidade. E lembre-se, mesmo o pensamento de totalidade será um fator divisor.
Procure entender... Totalidade não é algo que você deva ser. Se você fizer alguma coisa, você permanecerá parcial. O fazer nunca pode ser total, somente o não fazer.
Totalidade é ausência de todos os fazeres, de todos os pensamentos, de tudo que divide. Totalidade é silêncio, completa quietude.
Então não pergunte como ser total – a questão é apenas perceber... Algumas vezes você é total – perceba o que acontece nesses momentos.
Ao fazer amor, por exemplo, algumas vezes acontece, você é total. Essa totalidade é chamada de orgasmo. A mente pára por um momento. No frenesi do amor, a loucura de duas energias se encontram, se fundem – a mente é superada, transcendida, colocada de lado, não é mais necessária neste espaço. Todos os pensamentos desaparecem, o tempo pára, e de repente você é total.
Nesse momento as faces mostram algo de transcendental; o tempo parou. Não há pensamentos na mente; todas as divisões desapareceram. Esses momentos são sagrados, pois eles vêm do todo.

Como ser total?

Examine alguns momentos em sua vida em que você é total, apenas para perceber o sabor da totalidade. Isso acontece algumas vezes ao escutar música, ao olhar um pôr do sol. Isso acontece repetidamente todos os dias.
Nesses momentos, você desaparece; no seu íntimo, algo pára, não há movimento, tudo está completamente quieto – e você é total.
Simplesmente permita mais e mais esses momentos; não perca uma única oportunidade.
Ao olhar para as árvores, olhe tão profundamente que você desapareça no olhar; ao escutar os pássaros, esqueça-se completamente de você mesmo. E assim por diante...
A cada momento, há uma possibilidade de ser total. Em tudo que fizer, fique absorto nisso tão completamente que a mente não pense em coisa alguma; ela está simplesmente ali, é apenas uma presença. E mais e mais totalidade estará vindo; o sabor da totalidade o deixará mais e mais capaz de ser total.
E tente perceber quando você não é total. Esses são os momentos que precisam ser lentamente abandonados. Quando você não é total, sempre que você estiver na mente, pensando, remoendo, calculando, sendo esperto e astuto, você não é total.
Lentamente escape desses momentos. É apenas um velho hábito, e hábitos morrem com dificuldade, mas certamente eles morrem – se a pessoa persiste eles morrem.

Ouvi dizer de um homem cuja esposa morreu. Ele estava sentado até altas horas da noite num barzinho, e alguém lhe perguntou: “Por que você ainda fica sentado até tarde? Pois você me dizia que fazia isso por causa de sua esposa, para que quando chegasse em casa ela já estivesse dormindo, mas agora ela morreu!”
De repente, o homem se levantou e disse: “Obrigado! Esqueci-me disso completamente; era apenas um velho hábito!”
Apenas um velho hábito... Ser não total é apenas um velho hábito. E algumas vezes, apesar de você, a totalidade acontece.
Portanto, apenas observe esses momentos, quando e como eles acontecem. Aprenda alguns segredos daqueles momentos e penetre mais e mais neles. E perceba quando eles não estão acontecendo – saia desses momentos, escape.
Isso não é uma ciência, é uma destreza - uma habilidade -, é uma arte muitíssimo sutil.

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