3 de fev. de 2012

Você sente o cheiro da montanha de louros IV

Quando ele sopra,
O vento da montanha é turbulento,
Mas quando ele não sopra
Ele simplesmente não sopra.

Tudo o que acontece, acontece.
Esse verso quer dizer que a pessoa Zen não se perturba, e não se perturba porque não há controle.
Mas as pessoas de um modo geral estão sob intenso controle.
Mas perceba... Não existe controle absoluto. Ninguém pode estar em total controle.
Existem possibilidades em que ela perderá o controle. Precisa-se apenas proporcionar essas oportunidades – e ela perderá o controle.
Por exemplo: observe o seu controle: se você deparar com uma nota de dez reais, você pode não roubá-la, mas se forem mil reais? Então você se sente um pouco inclinado. E um milhão de reais? Então você começa a pensar, e a idéia parece ser digna de consideração.
Você começa a sonhar... Um milhão de reais? E apenas por essa vez, e as pessoas estão cometendo tantos pecados, e você fará um e apenas um. E então você pode doar a metade do dinheiro para a igreja ou para o templo. E isso também não está errado, pois o dinheiro não pertence a um mendigo, mas a alguém muito rico, e para ele não importa ter menos ou  mais que um milhão de reais. E em primeiro lugar, ele explorou pessoas para ter esse dinheiro.
Mas... E se forem dez milhões de reais? Então você não pensará duas vezes, e simplesmente agarrará todo dinheiro e sairá correndo.

Tente perceber... Há certo limite para todo controle, e além dele você cairá. Ninguém pode estar sob controle absoluto, pois controle é algo não natural, e nada não natural pode ser absoluto.
Somente a natureza pode ser absoluta.
O que não é natural precisa ser mantido; ele atrai energia, conflito e luta.
E quando você está controlando há alguém dentro de você que é contra isso; do contrário, qual o sentido de controlar?
O controle sempre o divide: aquele que controla e aquele que está sendo controlado, o que manda e o que é mandado. Existe um barulho constante e eles ficam brigando dentro de você.
Uma pessoa parece estar sob grande controle, mas ela não pode estar sob controle absoluto. Ela reprimiu, e tudo o que ela reprimiu está esperando sob ela como um vulcão – acontecerá a erupção e, quando isso acontecer, a pessoa será despedaçada.
A pessoa Zen não se perturba, mas a razão é totalmente diferente. Não que ela esteja sob controle absoluto; ela não se perturba porque ela não é.
E, então, algo mais precisa ser entendido: devido a ela não ser, não há divisão. Ela é apenas uma pessoa natural.

Quando ele sopra,
O vento da montanha é turbulento...

Esta é a descrição de uma pessoa Zen.

Mas quando ele não sopra
Ele simplesmente não sopra.

Quando ele ri, ele ri; quando ele chora, ele chora. Este é um fenômeno simples. Da mesma maneira que os pássaros cantam, as flores desabrocham, ele vive. Mas sua vida não tem objetivo ulterior (situado além), nenhum objetivo.
Algumas vezes acontece da canção ser cantada em palavras, e, outras vezes, em silêncio. Mas não há alguém para fazer algo. Tudo que está acontecendo está acontecendo.
Isto é o que Buda chama de liberdade: ninguém para controlar e manipular; todo controle desaparece – a liberdade nasceu.
Estar livre do ego, a verdadeira liberdade.

Uma vez perguntaram a um Mestre Zen (Ma Tzu):
“Por que Buda nunca falou sobre Deus?”
E o mestre respondeu:
“Porque ele estava muito ocupado em vivê-lo. Ele não falou de Deus porque estava muito ocupado vivendo-o.

Este é um estado simples e natural.
Ele viu o mundo, os caminhos do mundo, todas as suas misérias... E ele se tornou sábio.
Agora o desejo não o afasta mais da realidade. Ele simplesmente vive. Ao ter fome, ele come; ao ter sono, ele dorme.
Ele continua fazendo as coisas pequenas da vida, mas ele se torna absolutamente um ninguém.

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