30 de jan. de 2012

A flor de lótus da lei III


A questão existencial é: Quem sou eu?

Com Buda, a religião transformou sua qualidade. Ela se tornou realista, pragmática (prática).
Buda disse: “Não há necessidade de se preocupar com Deus”. Deixe que ele se preocupe com ele mesmo – se ele quiser saber quem é ele pode perguntar “Quem sou eu?” Por que você deveria se preocupar?
E em primeiro lugar, Deus é sua criação. Esse é seu esforço final para evitar a si mesmo. Você fica criando problemas fictícios.
As pessoas ficam muito preocupadas com problemas falsos, e acham que são grandes buscadoras. Buda os golpeou duro e destruiu seus egos, o ego de serem buscadoras.
Ele disse: “Se você está procurando e buscando Deus, você está simplesmente se enganando”.
Deus não é problema de ninguém! Simplesmente perceba o ponto essencial. As pessoas acham que esse é um problema. Ao torná-lo um problema, eles podem evitar seus próprios problemas.
Elas ficam demasiadamente ocupadas com Deus e começam a pensar, juntar respostas, a filosofar, a especular; elas investigam escrituras e se perdem na floresta de palavras.
E acabam se esquecendo da simples questão, a qual era realmente a questão delas: “Quem sou eu?”
Deus pode ser a maior escapatória.
Observe se você acha o que vou dizer familiar...
Foi observado pelos psicólogos que nos tempos de angústia, miséria, guerra e problemas as pessoas começam a pensar em coisas abstratas – Deus, verdade, paraíso, após vida...
Nos tempos de estresse, quando as pessoas estão muito pouco à vontade nesta terra, elas começam a olhar para o céu. Elas focam seus problemas ali, de tal modo que possam evitar os problemas reais da terra.
Isso tem sido observado repetidamente. Após a guerra, há um grande ressurgimento da religião – a pretensa religião.
E você também sabe disso pela sua própria experiência pessoal. Sempre que você está infeliz, sofrendo, você se lembra de Deus.
Sempre que você está feliz, quando você está fluindo e a vida é uma celebração, você não se importa nem um pouco com Deus, não se lembra dele.
Essa é uma experiência muito simples; nenhum psicólogo é necessário para observar isso. O que significa? Significa simplesmente que, quando você está sentindo angústia, você precisa evitá-la e criar um falso problema para se afastar dela – uma grande ocupação...
Perceba... Você começa a orar. E você nunca orou. Na verdade, quando as coisas estão indo bem, você nunca procurou um sacerdote.
Quando as coisas estavam se desenrolando de uma maneira bela e você estava sendo bem sucedido na vida, e a vida era um mar de rosas, você não se lembrava de Deus. Mas, quando a vida se torna um mar de neuroses, então, de repente, você se lembra de Deus.
Deus é uma fuga.
Bertrand Russel está certo ao dizer que, se a vida sobre a terra se tornasse realmente abençoada, as pessoas se esqueceriam de tudo sobre Deus e não haveria religião.
Sim, religiões como cristianismo e hinduísmo desapareceriam.
Mas se a vida fosse realmente feliz sobre a terra algo da mensagem de Buda se tornaria predominante.
Quando a vida está indo bem, lindamente, e tudo está fluindo e florescendo, essa questão surge no fundo do seu ser: “Agora é hora de saber – quem sou eu?” Quando a vida não está fluindo, quando tudo está bloqueado e há somente infelicidade e tudo é um inferno, como você pode perguntar “Quem sou eu?”
É até perigoso se aproximar tanto de você mesmo, pois há somente fogo do inferno e nada mais. Como você pode se aproximar tanto? Como você pode se sentar em silêncio com os olhos fechados e investigar a si mesmo? Você precisa evitar, fugir, escapar. Assim, qualquer coisa serve.
É assim que as coisas sempre acontecem. Sempre que uma sociedade está em agitação, as pessoas ficam muito interessadas em coisas ocultas e esotéricas... E a imaginar todos os tipos de tolice.
E pense em seu pobre Deus, se ele existir. Qual será sua situação? Pense nele; todos os tipos de pessoa orando, gritando com ele e se queixando. E isso tem acontecido continuamente. Ou ele absolutamente não escuta, ou já ficou maluco.
Tente compreender: Deus não é o problema – o problema é o ser humano, descubra sua fonte interior, e tudo será resolvido.
E lembre-se, novamente, Buda não é ateu, ele não está dizendo que Deus não existe, mas seu conceito de Deus é totalmente diferente. Quando você chegar à essência mais profunda de seu ser, à sua própria fonte, você saberá que você é Deus.
Todavia, para saber disto, nenhuma oração irá ajudar, nenhuma filosofia dará algum suporte. Para saber disto, a pessoa precisa penetrar completamente em si mesma – com somente uma questão, como uma flecha perfurando seu coração: “Quem sou eu?” E quanto mais fundo você for mais profundamente você perceberá que você não existe como um indivíduo.

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