26 de out. de 2011

Haikai de Etsujin

Haikai é uma pequena poesia com métrica e molde orientais, surgida no século XVI, muito difundida no Japão e vem se espalhando por todo o mundo durante este século.
Possui uma longa história que retoma a filosofia espiritualista e o simbolismo dos mestres Zen-budistas.
Esses mestres expressam muito de seus pensamentos na forma de mitos, símbolos, paradoxos e imagens poéticas.
E a curiosidade que também é sua particularidade é que na filosofia Zen, assim como no Haikai, é necessário ter introspecção e análise mais profunda, pois o objetivo é capturar a essência do local numa poesia contemplativa e com grande valorização nos contrastes, na transformação e dinâmica, na cor, nas estações do ano, na união com a natureza, no que é momentâneo versus o que é eterno e no elemento de surpresa.

 Haikai
Caindo
Mas com corações leves –
Papoulas.
As flores estão caindo com corações leves. Elas nem mesmo olham para trás, para a planta na qual estavam florescendo, a planta que foi seu lar por muito tempo, a planta que foi sua nutrição por tanto tempo. Agora voltam a terra de onde vieram.
Caindo, mas com corações leves... Não há pesar. Elas desfrutaram do Sol, da Lua, das estrelas. Dançaram no vento, na chuva; dançaram, celebraram.
Do que mais alguém precisa?
É tempo de ir para o descanso eterno. É por isso que seus corações estão leves, sem tensão nem ansiedade. Elas viveram plenamente e estão morrendo dançando. Estão caindo levemente sobre a terra onde novamente desaparecerão. Vieram da terra e voltam à terra; o círculo está completo.
Assim como as flores surgem da terra e voltam à terra para o eterno descanso, você vem da existência e volta para a existência se tiver um coração leve.
E não terá que voltar para a prisão de um corpo. Simplesmente retornará à mesma fonte da qual veio, e encontrará o descanso eterno.
Este descanso eterno é o nirvana, esse descanso eterno é moksha, esse descanso eterno é o samadhi, verdade, iluminação – nomes diferentes para a mesma experiência.
Terá voltado para casa, e terá voltado dançando, sem arrependimento, sem queixa, com o coração leve, em paz e silenciosamente desvanecendo-se.
Essa é a mais extraordinária experiência; quando você se encontra à beira do desaparecimento, com um coração leve e relaxado, um simples deixar-se levar.

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