26 de jun. de 2011

O medo da liberdade


Olhe uma rosa... Ela é bela, mas não existe liberdade alguma de florescer ou não florescer. Não existe problema, não existe escolha. A flor não pode dizer, ‘Eu não quero florescer’, ou ‘Eu me recuso’. É por isso que a natureza é tão silenciosa (...) 
Com o surgimento do homem, pela primeira vez aparece a liberdade. O homem tem a liberdade de ser ou não ser. Por outro lado, surge a angústia, o medo de que ele possa ou não ser capaz, medo do que vai acontecer. Existe um tremor profundo.
Todo momento é um momento em suspense.
Nada é seguro ou certo, nada é previsível com o homem: tudo é imprevisível. 
Nós conversamos a respeito da liberdade, mas ninguém gosta de liberdade. Nós falamos sobre liberdade, mas criamos escravidão.
Toda liberdade nossa é apenas uma troca de escravidão. Nós seguimos mudando de uma escravidão para outra, de um cativeiro para outro. Ninguém gosta de liberdade porque liberdade cria medo.
Com a liberdade você tem que decidir e escolher. Nós preferimos pedir a alguém ou a alguma coisa para nos dizer o que fazer – à sociedade, ao guru, às escrituras, à tradição, aos pais.
Alguém deve nos dizer o que fazer: alguém deve mostrar o caminho, para que possamos seguir – mas nós não conseguimos nos mover por nós mesmos.
A liberdade existe, mas existe o medo.
Você não caminha no inexplorado, no desconhecido.
Você prefere seguir num caminho bem marcado com pegadas. Você caminha atrás de alguém; não segue sozinho. Se você se mover como um indivíduo, sozinho, haverá liberdade.
Então, a todo momento, você terá que decidir, a todo momento estará criando a sua alma. E ninguém mais será responsável: somente você será o responsável final.
Você se apaixona e começa a pensar em casamento.
O amor é uma liberdade; o casamento é uma escravidão.
Mas é difícil encontrar uma pessoa que se apaixona e não pense imediatamente em casamento. Existe o medo porque o amor é uma liberdade. O casamento é uma coisa segura; nele não existe medo.
O casamento é uma instituição – morta; o amor é um evento – vivo.
Ele se move; ele pode mudar. O casamento nunca se move, nunca muda.
Por causa disso o casamento tem uma certeza, uma segurança.
Em toda situação – exatamente como no amor –, quando encontramos liberdade, nós a transformamos em escravidão. E quanto mais cedo melhor! Assim nós podemos relaxar.
Por isso, toda história de amor termina em casamento.
“Eles se casaram e viveram felizes para sempre.”
Ninguém está feliz, mas é bom terminar a história ali porque em seguida vai começar o inferno. Por isso toda história termina no momento mais bonito. E qual é esse momento? É quando a liberdade se torna escravidão!
E isso não é apenas com o amor: isso é com tudo. Toda instituição tende a ser uma coisa feia porque ela é apenas um corpo morto de algo que um dia foi vivo.
Mas com uma coisa viva, a incerteza provavelmente estará presente.
‘Vivo’ quer dizer que pode mover, pode mudar, pode ser diferente. Eu amo você; no próximo momento eu posso não amar. Mas se eu sou o seu marido, ou sua esposa, você pode ter a certeza de que no próximo momento eu também serei seu marido, ou sua esposa. Isso é uma instituição.
Coisas mortas são muito permanentes; coisas vivas são momentâneas, mutáveis, estão num fluxo.
O homem tem medo de liberdade, mas a liberdade é a única coisa que faz de você um homem. Assim, nós somos suicidas – ao destruir nossa liberdade.
E com essa destruição nós estamos destruindo toda nossa possibilidade de ser. Então você acha que ter é bom porque ter significa acumular coisas mortas. Você pode continuar acumulando; não existe um fim para isso.
E quanto mais acumula mais seguro você fica.
O homem tem que caminhar conscientemente. Com isso eu quero dizer que você tem que estar consciente de sua liberdade e também consciente de seu medo da liberdade. 
Na medida em que sua consciência cresce, a sua liberdade cresce. Elas são correlacionadas.
“Seja mais livre e você será mais consciente; seja mais consciente e você será mais livre."

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